Coube ao Secretario Adjunto da SMS de Florianópolis, Dr. Clécio Espezim, abrir os trabalhos da Oficina sobre Acesso na Atenção Primária à Saúde, realizada nos dias 19 e 20 do corrente mês, no Hotel Quinta da Bica D’Água.
Portanto, faz-se necessário que haja também, atenção qualificada à demanda espontânea - como bem destacou o Coordenador da Atenção Básica do MS., Dr. Núlvio Lernen Jr. - que resulta da interação eficaz entre os modos de reação por parte do indivíduo que procura cuidados e do profissional que o conduz através do sistema de saúde, aqui se destacando e se priorizando a “entrada”.
Esse entendimento pareceu ser consensual nas discussões e relatórios apresentados pelos diversos “grupos de trabalho”, bem como nas palestras proferidas por uma das maiores autoridades mundiais no assunto, os médicos espanhóis Dr. Juan Gérvas e Dra. Mercedes P. Fernández, convidados a contribuirem com a “Oficina sobre Acesso na Atenção Primária à Saúde”.
Ambos, com ampla experiência internacional, esbanjaram conhecimento e simpatia, enriquecendo, em muito, o encontro.
A participação maciça e multidisciplinar dos profissionais, também, foi fundamental para uma melhor abordagem do tema, onde médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem, ACDS e outros contribuiram para o enriquecimento dos debates e melhor compreensão das funções e necessidade de integração dos diferentes membros das ESF.
O CS - Ingleses e o CS - Jardim Atlântico apresentaram suas experiências através de slides em que destacaram uma maior centralidade em pessoas ao invés de programas, ênfase na clínica do enfermeiro e a busca de maior e mais rápida comunicação com a comunidade, disponibilizando alternativas tecnológicamente modernas como o correio eletrônico ou propuseram algumas alternativas para melhoria do atendimento, como o desenho de um fluxograma definido para resposta às demandas ou incorporação de aspectos sociais à classificação de risco, por exemplo.
O CS - Saco Grande, de forma criativa, apresentou um interessante filme, onde documentou o trabalho das diversas equipes profissionais envolvidas na ESF, como, por exemplo, a odontológica.
Ao que indica a fala dos relatores, questionamentos e esclarecimentos que se seguiram, contando com membros das equipes unidades de saúde e assistência do Diretor e do Gerente da APS em Florianópolis, Drs. Daniel Moutinho e Jorge Zepeda, há a concordância da necessidade de aprimoramentos de alguns pontos e reconsideração de outros.
Entre esses: a organização do processo de trabalho das ESF, integração entre os diversos profissionais, fluxo de informações, práticas humanizadas no atendimento, transparência nas informações, organização de redes de atenção à saúde, disponibilização de infra-estrutura e equipamentos adequados – assim como a devida manutenção dos mesmos - e qualificação dos profissionais de saúde, através de capacitações permanentes e outros meios, entre outros pontos. Por outro lado, “empatia”, “comprometimento” e “vínculo” foram palavras muito ouvidas, nesses dois dias de atividades. Palavras estas destacadas pelo Dr. Juan Gérvas que, também, defende um menor atrelamento a programas e uma maior vinculação à pessoa, na figura do paciente.
Hoje, a melhor compreensão de um fundamento filosófico que tanto justifique a necessidade do desenvolvimento e prática de certas virtudes como a obediência a certos princípios como, o respeito à autonomia, à não maleficência, à beneficência e a justiça (como defende a Ética Principialista) é, mais do que acessório, uma peça fundamental que aliada ao conhecimento técnico efetivará uma melhor organização da demanda espontânea e manejo de queixas clínicas mais comuns, visando obter uma resolutividade compatível com as necessidades presentes no dia a dia dessas populações e equipes, além de abordar algumas situações de urgência e emergência que podem, e mesmo devem, ser decididas no âmbito da Atenção Primária.
O argumento ético também foi destacado pelo Gerente da APS, Dr. Jorge Zepeda.
Não por outras razões a Diretoria de Atenção Primária definiu, como já se noticiou, o acesso como tema prioritário em 2011, para ampliar a compreensão da função desse nível de atenção e apoiar a reorganização da porta de entrada assim como do acolhimento dos centros de saúde.
Por fim, a Oficina sobre Acesso na Atenção Primária à Saúde, foi um grande sucesso, em que a troca de experiências, discussões e elaboração de sugestões fizeram todos sairem mais enriquecidos, neste intercâmbio que acabou tendo um "status" internacional, com a participação dos convidados estrangeiros e seu excelente entrosamento com os membros da diretoria da APS local.
Cobertura e fotos: Helman Telles
* CD/SMS
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