Postado por Felipe Cavalcanti em 18 de janeiro de 2011
Muitos setores do Brasil ainda se perdem numa discussão sobre o valor e as potencialidades da Estratégia de Saúde da Família, procuram separar o PSF do conceito de Atenção Primária, enfim, resistem a uma visão mais abrangente do modelo substitutivo de APS adotado pelo Brasil.
Como santo de casa não faz milagre mesmo, a opinião técnica externa passa a ter um valor de maior relevância e isenção. E quando esta opinião é publicada como EDITORIAL no British Medical Journal (BMJ), um dos mais respeitados e rigorosos periódicos científicos de saúde no mundo, cujo berço é o Reino Unido (onde nasceu a primeiro grande modelo de saúde pública do pós-guerra – o NHS), não tem como considerarmos o assunto como coisa pouca (clique aqui para ver o editorial).
Publico aqui a tradução deste editorial em Português, para que todos possam conhecer o seu conteúdo, e chamo a atenção para duas partes muito especiais do texto escrito pelo autor, que diz assim: ”O Programa de Saúde da Família do Brasil é provavelmente o exemplo mundial mais impressionante de um sistema de atenção primária integral de rápida expansão e bom custo-efetividade. Mas seus êxitos não têm recebido o merecido reconhecimento internacional. O potencial das reformas em saúde no Brasil e, especificamente, do Programa de Saúde da Família, em prover atenção em saúde a um custo acessível foi mencionado há 15 ou mais anos atrás no British Medical Journal (BMJ). Em muitos aspectos aquela promessa foi mais do que cumprida, mas a história de sucesso da atenção primária em saúde do Brasil continua pouco compreendida e ainda fracamente difundida ou interpretada para outros contextos.”
“A ascensão política e econômica do Brasil no mundo deve englobar seu papel de liderança na atenção primária em saúde (APS). Todos temos muito a aprender – façam o sistema funcionar corretamente e os resultados virão, mesmo com recursos limitados. Os formuladores de políticas em saúde no Reino Unido têm um histórico em observar os Estados Unidos da América na busca de exemplos de inovação no provimento de atenção à saúde, apesar de seus resultados relativamente fracos e altos custos. Eles poderiam aprender muito voltando seus olhares ao Brasil.”
Obrigado ao BMJ por este arroubo de lucidez e pelos elogios ao Brasil. O PSF precisa mesmo ter o seu “merecido reconhecimento internacional”; mas isso é muito verdadeiro e necessário também aqui dentro do Brasil.
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