Publicado, originalmente, no British Medical Journal.
BMJ 2010; 341:c5453 doi: 10.1136/bmj.c5453 (Publicado em 29 de Novembro 2010) ; Citar como: BMJ 2010; 341:c5453
O Brasil experimentou uma das mais rápidas quedas registradas na mortalidade infantil, depois que ele estabeleceu um serviço nacional de saúde. Mas como é a classe média emergente do país que afiança, de fora, o sistema público, Tom Hennigan teme que os serviços para os cidadãos mais pobres estejam novamente em risco.
Durante uma difícil primeira gravidez não havia nenhum sistema de saúde pública no Brasil para cuidar de Maria Isabel Laurenço, que foi “forçada” confiar em um sobrecarregado e sub-financiado hospital de caridade.
“Eu tive problemas durante a gravidez, mas sem pré-natal. Em nove meses eu estava com dor real, mas quando eu fui para o hospital eles só me deram um copo de leite com um monte de sal nele, porque eles disseram que eu tinha pressão arterial baixa. Então eles me mandaram para casa.” Pouco tempo depois, ela desmaiou. “Eu acordei, cinco dias depois, para dito a minha filha tinha nascido. Tudo isso por causa do leite que me deram. E até hoje eu ainda sofro de pressão alta.” Ela acredita que foi cometido um erro e que ela, de fato, tinha pressão alta.
A filha da Senhorita Laurenço nasceu há 27 anos, cinco anos antes a Constituição do Brasil, de 1988, estabeleceu os cuidados em saúde como o “direito de todos e dever do Estado”. No tempo sua última gravidez, em 1997, o impacto desse nobre princípio já estava sendo sentido em seu bairro pobre da Cidade de Tiradentes, no extremo mais distante de São Paulo.
“Durante a minha última gravidez, o Programa Saúde da Família já existia e eu fui acolhida muito bem. Era outro mundo a partir de minha primeira gravidez. Eu tinha um check-up a cada mês, e eu poderia contatar a cirurgia e falar com um médico ao telefone. Foi uma experiência totalmente diferente.”
A Senhorita Laurenço é uma das dezenas de milhões de cidadãos, na sua maioria pobre, que têm sido beneficiados com a revolução na saúde brasileira, resultante da criação de um sistema nacional de saúde, conhecido como Sistema Único de Saúde ou (SUS).
“Depois de 1988 o acesso aos cuidados de saúde tornou-se um direito de todos, e nós tivemos a incorporação de pelo menos metade da população no sistema de saúde do qual eles haviam sido anteriormente excluídos. Agora, 150 milhões de pessoas de uma população de quase 200 milhões dependem exclusivamente do SUS”, diz Ministro da Saúde do país, José Gomes Temporão.
“Esse processo foi fundamental para garantir que a grande maioria da população brasileira tinha acesso a cuidados de saúde no sentido mais amplo, desde o primário, passando por cuidados secundários, até aos procedimentos médicos mais complexos, como transplantes de órgãos. Esta foi uma mudança profunda e tem sido acompanhada por indicadores muito positivos em relação ao aumento da cobertura do Programa Saúde da Família e a conseqüente redução da mortalidade infantil.”
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